Uma frase dita pelo jornalista e Instrutor de Pilotagem Tite
Simões, a qual sempre uso em minhas palestras e cursos práticos: “… nunca
subestime a capacidade dos outros errarem…”, serve para
lembrarmos que nem sempre são pelos nossos erros as causas dos acidentes, mas
sim, e principalmente, por não percebermos os possíveis erros dos outros. Mas
quem são esses outros? Ou, quais são esses erros? Vamos responder.
Para que haja uma real segurança viária, onde as modalidades
de transportes, a saber: caminhões, ônibus, carros, motos, bicicletas e
pedestres possam conviver em paz e, portanto, usar a mobilidade urbana de forma
harmoniosa é preciso a união entre educação, treinamento, projetos viários e preocupação
governamental para uma sociedade chamada trânsito. Quando me refiro a
“sociedade do trânsito”, quero dizer que é necessário uma aceitação, mesmo que
obrigatória, das leis e regras, impostas ou não, para uma fluência segura e
satisfatória de todos que fazem parte desta sociedade, sem privilegiar uma ou
outra modalidade de transporte.
OS OUTROS:
São aqueles que nos fecham sem dar a sinalização correta,
são os buracos nas vias, é a falta de sinalização e iluminação nas ruas e
estradas, é o governo que não se preocupa comigo e com você, é o pedestre que
atravessa fora de sua faixa, é o cachorro solto na rua, é a chuva e a pista
molhada, neblina, etc., etc., etc.
OS ERROS:
É a falta de atenção dos outros com relação a você e,
também, é a sua falta de previsão com relação aos outros. Acreditar que OS
OUTROS sempre terão atenção a você é não perceber a possibilidade que os outros
têm de errar. Portanto, o verdadeiro erro está em subestimar o erro dos outros.
E quais são esses erros? Tudo acima mencionado, e muito mais: não dar
sinalização, falar ao celular, buracos, falta de sinalização ou sinalização
ruim, falta de preocupação das autoridades governamentais, etc., etc., etc.
Sabe-se, por estatística, que a culpabilidade dos acidentes
não está, em sua maioria, na falta de técnica dos usuários das vias (embora eu
tenha certeza que a metodologia de ensino nos órgãos de educação de trânsito,
os CFCs, deveriam rever urgentemente seu ensino pedagógico), mas sim está no
mau comportamento dos pedestres, ciclistas, motociclistas e motoristas. O
instrutor de trânsito ensina seu aluno a usar o pisca, ensina a obedecer as
leis, ensina a dar prioridade ao trânsito, e não ao
Aulas de Direção Defensiva. Teoria para uma prática eficiente |
Estamos lembrados da faixa exclusiva para os motociclistas?
Por que não deu certo? Porque os usuários dessa faixa, em sua minoria, não
obedeciam as regras de velocidade e ultrapassagem. Também, os não usuários
dessa faixa exclusiva, como motoristas, não respeitavam essas vias,
desobedecendo regras de conversão, por exemplo. Pedestres não reconheciam esse
“novo” caminho dos motociclistas e eram atropelados e, também, a falta de
fiscalização era enorme. As autoridades de trânsito, portanto, resolveram
eliminar essas faixas (aqui em São Paulo-SP, Brasil), porque os acidentes não
diminuíram. Mas por que não deu certo? O projeto era ruim, ou os
Blog Infomoto |
BONS EXEMPLOS:
Um bom exemplo que estamos vendo em São Paulo está nas
inclusões das faixas de retenção para motociclistas e ciclistas. Digo bom
exemplo, pois, tanto moto, carros e pedestres estão, em sua maioria, obedecendo
esta nova regra de forma que os acidentes entre carros x motos e motos x
pedestres estão, de fato, diminuindo (embora nenhuma estatística oficial esteja
em vigor, até o complemento dessa edição). O mais interessante nesse projeto é
que os usuários obedecem sem nenhuma imposição, medo de levar multa, ou coisa
parecida.
Imagem retirada do site Motos by Minha Moto |
SUGESTÕES DIVERSAS:
Muitos projetos e sugestões, algumas absurdas e outras boas,
aparecem para serem analisadas. Pena que as boas aparecem somente por aqueles
que não têm voz ativa, como eu e você, cidadãos que não têm autoridade de mudar
as leis de forma rápida e, assim, tais projetos ficam somente no papel,
enquanto muitos morrem em nosso trânsito parcial, onde os mais fortes
sobrevivem. Um desses bons projetos é: SINALIZA O QUE JÁ EXISTE. Nas redes
sociais, em especial no Facebook, aparecem coisas interessantes como o de
efetivar os corredores de moto, que já existem nas grandes cidades e avenidas,
os quais já aceitos, ou melhor, já acostumados
Referência a sinalização, motivando os condutores para uma atitude mais segura |
Será que conseguimos refletir e, assim, responder a pergunta
que está no título desse artigo? Segurança viária: de quem é a
responsabilidade? Resposta: DE TODOS!
Nós, os motociclistas, motoristas, ciclistas e pedestres dependemos um
dos outros para fazer de nossas vias um lugar melhor, porém, infelizmente
dependemos da ajuda de autoridades com o poder de mudar, ou ajustar os projetos
em vias de aprovação. Por que infelizmente? Bem, você, leitor, poderá refletir
sobre isso. Mas sei que, independente de autoridades, governantes ou algo
parecido com governar não nos ajudar, sou eu que tenho que governar minha vida
em prol da sua e você em prol da minha. Desta forma seremos empáticos um com os
outros e a sociedade chamada trânsito melhorará de forma progressiva e
satisfatória para todos, inclusive para autoridades que não sabem, ou não
querem ajudar.
Agradecimentos:
Tite Simões, jornalista, avaliador de performance, escritor
e instrutor de pilotagem do Curso SpeedMaster e Abtrans
Geórgia Zuliani, administradora e fotógrafa da Carlos Amaral
& Zuliani Motorcycle Training na edição desse artigo
Fontes: SESVI, Data Folha, Blog da Infomoto , Motos by Minha
Moto, APATRU Associação Preventiva de Acidentes
e Assistência a Vitimas de Trânsito, Estadão.com.br e Associação
Paulista de Pisicanálise
Texto: Carlos Amaral
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Fiquem a vontade. Deixem suas críticas,sugestões e experiências.