Cilindrada, potência e torque.
Qual dessas características da moto será melhor aproveitada pelo piloto para se
manter na trajetória de uma curva?
Falta de controle nas re-acelerações = desequilíbrio nas curvas. |
Bem, sabemos que cilindrada
é a quantidade de ar e combustível dentro de um recipiente chamado cilindro
(medida em cm³); torque é a força produzida da queima da mistura
do ar e do combustível dentro do cilindro (medida em kgf-m); e potência é,
também, uma força produzida pela queima da mistura ar/combustível dentro do
cilindro (medida em cv ou hp).
Embora o Torque seja a força que
aparece antes, a Potência é a responsável de dar a velocidade na moto através
do giro no acelerador. Por isso que alguns condutores de motocicletas
“se perdem” nas curvas quando ao re-acelerar a moto sai da inclinação
necessária para se manter na trajetória e “se espalha”, saindo para fora da
curva. Com motos muito potentes e leves podem até mesmo subir a frente deixando
o pneu frontal sem contato com o solo, ou derrapam por causa da forte
potência despejada repentinamente na roda traseira.
Re-acelerações fortes nas saídas de curvas a moto tende a sair da trajetória. |
Às vezes o contrário acontece,
quando não se dá força suficiente no acelerador a moto tomba na inclinação,
principalmente em manobras curtas e em baixa velocidade o motor poderá
“apagar”. Ou mesmo em médias velocidades, o condutor aciona a embreagem antes
de entrar na curva e continua acionada durante a trajetória neutralizando a
força do motor levada para a roda traseira.
Veja só: torque = força e
potência = força. Forças que dão o equilíbrio e auxiliam no re-equilíbrio
da moto. Assim, além de olhar para o objetivo (final da curva), de
contra-esterçar, de acreditar nos limites de inclinação do modelo de sua moto,
já comentados nos artigos anteriores, o piloto terá que controlar a mão no
acelerador e re-acelerar com mansidão. Ou seja, controlar a potência
produzida pelo motor e pela força dada pelo condutor ao girar a manopla do
acelerador.
Então, como podemos equilibrar
(ou re-equilibrar) a moto através do controle dessas forças produzidas no
motor?
Aproveite das configurações dos
motores:
Motores "V"-2. Torque e potência surgem muito rápido. |
Motos de médias e grandes
cilindradas, onde a potência surge muito rápido, com configurações de
motores com um só cilindro, biciclíndrica em “V” ou em “L” e tricílíndrica em
linha, em baixas e médias velocidades, mantenha a aceleração
dentro da curva e re-acelere com progressividade para sair da curva.
Estou dizendo isso, pois sei que você já reduziu a velocidade e as marchas
antes de entrar nas curvas.
Se necessário, aperte o manete da
embreagem não com tanta força, mas com “meia” força para assim não despejar
muita potência e desequilibrar a moto, principalmente se esses motores
possuírem comando de válvulas duplo (DOHC) e desmodrômico. Estes motores
“gostam” de rotações mais altas e quando estão em regimes de baixa velocidade,
em 1ª ou 2ª marchas eles “pedem” maior aceleração. Desta forma, a
progressividade nas re-acelerações é muito importante para se manter o equilíbrio
e a regularidade das acelerações, evitando aqueles pequenos “coices” que jogam
o piloto para trás desequilibrando a moto ou até mesmo empinando.
Com motores de dois, quatro
ou seis cilindros em linha e boxer (cilindros opostos), nas retomadas
de acelerações a potência é despejada na roda traseira com suavidade. Dessa
forma, a necessidade de usar a embreagem para controlar as re-acelerações é
praticamente nula. Somente gire a manopla do acelerador com mansidão e
progressividade que a moto se mantém e sai das curvas com docilidade.
Motores menos potentes, de baixa
cilindrada, em configurações mono e biciclíndrica em linha, com comando de válvulas simples
(SOHC ou OHC) são “mais domáveis” nas retomadas de acelerações. Em baixas
velocidades, como em manobras curtas, deve-se tomar cuidado para que o
motor não falhe. Assim, um leve toque na embreagem pode se usar para o motor
não apagar. Porém, nas re-acelerações a embreagem poderá ser esquecida. Nestas
características, algumas fábricas produzem motores com “balancins roletados”
nos comandos de abertuta e fechamento de válvulas. Assim, as re-acelerações são
mais suaves e dóceis.
Motores que não possuem marchas, como modelos de scooters,
deve-se conhecer o “tempo” das re-acelerações. Em certas situações as retomadas
de velocidade são retardadas. Na hora de dar aceleração, o motor demora para
despejar a potência e a moto perde equilíbrio. Dá aquele susto, quando em
inclinação o piloto põe o pé no chão.
Controle Eletrônico de Tração – A tecnologia eletrônica apareceu
para acertar quando o piloto erra. O Controle Eletrônico de Tração evita a
derrapagem do pneu traseiro quando o piloto dá muita força no acelerador
enquanto inclinado nas curvas. Porém, ela não evita que a moto seja jogada para
fora da curva (força centrífuga). Portanto a eletrônica não faz milagres. A
aplicação de todas as técnicas explicadas nos artigos anteriores, mais o que
foi dito aqui, sem dúvida estaremos crescendo no conhecimento e nos
transformando de simples condutores para grandes pilotos.
Controle Eletrônico de Tração não faz milagres. O mais importante é aplicar todas as técnicas aprendidas sobre curvas. |
Portanto, assim como nas
frenagens, nas re-acelerações – seja a moto com muita ou pouca potência – é uma
questão de sensibilidade. Essa sensibilidade é imprescindível no momento de
fazer, de se manter e de sair das curvas.
Abraços a todos.
Texto: Carlos Amaral. Fotos: fonte Web e Geórgia Zuliani. Agradecimento ao editor e ao consultor técnico e piloto de testes Sidney Levy e Carlos Bitencour ( Bitenca) do portal Motonline.
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