Queridos alunos, amigos leitores. Tentarei mostrar os limites de segurança de mais uma excelente moto produzida pela Yamaha. Bom lembrar que não tenho vínculo comercial e muito menos apoio das fábricas, pois as mesmas só emprestam as motos de testes para repórteres especializados e renomados. Meu apoio vem através da confiança de amigos e alunos que me emprestam as motos.
A XT 660Z Ténéré é uma moto impar, sem concorrência no mercado brasileiro. Isso mesmo! Sem concorrência, pois é a mais alta, a mais robusta, a com maior autonomia de combustível, a menos potente e a de menor torque da categoria além de ser a mais cara em termos custo/benefício. A moto que pode chegar mais perto da Ténéré é a BMW G 650 GS Sertão. Mas perde em robustez e autonomia para XT 660 Z. Portanto, para concorrer a uma moto considerada “Big Trail” é necessário uma boa autonomia, roda dianteira de 19 ou 21 polegadas, pneus mistos para o uso on e off road e rodas raiadas.
Diferença entre pilotar e dirigir
Por ser uma monocilíndrica, sem controle eletrônico de tração, o torque inicial dessa moto é forte e, se o piloto não controlar a tração na manopla do acelerador, esta moto sai empinando ou derrapando nas retomadas (re-acelerações) em saídas de curvas. O controle eletrônico de tração veio para que o piloto conduza sua moto com mais segurança. A Ténéré não é assim. O condutor tem que fazer o controle. Minha mão direita dói por forçar as desacelerações, pois a moto pede para acelerar. A cada retomada de aceleração eu sentia que a moto derraparia nas saídas das curvas, como em um drift. Assim, achei sensacional eu mesmo controlar a tração sem um dispositivo eletrônico para me ajudar. Esse controle humano (não eletrônico) dá a certeza que, depois de pilotar essa moto, qualquer outra será fácil de conduzir. Por isso, quem espera uma linearidade e suavidade de motorização, esqueça. A Ténéré 660 é bruta, antipática e áspera. É necessário domá-la. É um cavalo selvagem que espera um cavaleiro compreensivo, um diamante bruto a ser lapidado, uma mulher que nunca foi amada verdadeiramente que espera um homem dócil, mas ao mesmo tempo “pegador”. Essa é a XT 660Z Ténéré.
Nas frenagens traseira, “pise com jeitinho” no pedal de freio. Não precisa de muita força. Só de pensar em frear, a moto já está saindo de trás, “chicoteando” para a esquerda e para a direita. Essa “facilidade” de sair de traseira nas frenagens é normal para uma moto com ciclística trail, freio potente e pneus para o uso misto. Por isso é muito importante usar o terceiro freio: o motor. Aproveite esse “super” monocilíndrico, pois a desaceleração é fortíssima. Evite o uso da embreagem nas frenagens traseira, dessa forma terá mais controle nas derrapagens causadas por frenagens bruscas. Quero que saibam que não sou favorável ao uso de ABS traseiro. O controle das frenagens traseira deve ser feito pelo piloto, pois uma derrapagem, às vezes, é necessária para se sair de um possível acidente. O ABS traseiro não permite derrapagens. Justifico isso porque esse sistema de frenagens somente evita que a roda não trave e a moto escorregue (muito bom para os freios dianteiro). Portanto, para o freio traseiro o ABS evitará a derrapagem (isso é muito bom), mas, também, não vai parar.
Conclusão:
Ame ou odeie essa
moto. Não tem meio termo. Truculenta por ser monocilíndrico com vibrações
sentidas vindas do motor, porém compensa na manutenção fácil e na
economia de combustível. Mesmo em 5ª marcha o piloto tem a
disposição re-acelerações em baixíssimas rotações. Fiz a média de 97
km/h e consumiu um pouco mais de 20 km/l ( estas análises foram feitas de 0 a 1300 km rodados).
Seguro mais caro da
categoria 600 a 800 cilindradas. Mas compensa por ter uma rede de concessionárias em nº bom em relação às outras
marcas e o melhor atendimento no pós venda. Digo isso, pois com apenas 500 km
rodados, na primeira semana com a moto os três
piscas quebraram e a concessionária (Família Yamaha –SP)
trocou no mesmo dia.
Designer com gosto
duvidoso (eu gosto), pois em minha pesquisa percebi que muitos não gostam do desenho da Ténéré. Alguns amigos a chamam de
“Transformers”. Mas compensa com a relativa proteção
aerodinâmica, embora, para um piloto com mais de 1m.
e 75 cm é necessário um defletor de pára-brisa para evitar turbulências
sentidas no capacete causadas por ventos frontais.
Menos torcuda e menor
potência da categoria 650 cm³. Mas na tocada no acelerador não se percebe isso. Afinal, pra que grande potência se é no torque que está a verdadeira segurança, principalmente nas
re-acelerações para ultrapassagens e na velocidade de cruzeiro de 135 km/h “.Tá
bom pra caramba” assim, com excelentes retomadas e fantástica acelerações
iniciais. Vamos considerar que Trails ou Big Trails não são motos para velocidade.
Bem, entre os pós e
os contras, essa moto é muito gostosa de pilotar. Ela permite ao piloto
um comportamento mais atencioso e cuidadoso na condução. É um desafio para
qualquer um que a conduz. De fato, é uma moto que se pilota e não simplesmente
dirige.
Um forte abraço a
todos.
Texto: Carlos Amaral
Fotos: Geórgia Zuliane
Avaliadores de Performance: Thiago
Zuliane e Carlos Amaral
Agradecimentos: Concessionária Família
Yamaha de SP.